Do lado de lá existe algo...
Algo que me puxa...
Algo que me prende aqui...

Do lado de lá...
Existe o que falta em mim...

Do lado de lá...
Está metade do meu ser...
O que completa minha alma...

Do lado de lá encontrei...
A outra metade de mim...
O que em mim faltava...
O que me preenchia a alma...

Do lado de lá fiquei...
Ao lado da outra metade de mim...
Eras tu quem me faltava...
Foste tu que encontrei...

Do lado de lá estavas tu...

Do lado de lá...
Conheci meu anjo...

Do lado de lá...
Foi do lado de lá,
Que me encaixei em ti...

Vagueando…
Passo a passo…
Sem destino…

Sem o que procurar…
Sem querer encontrar…
Fintando cada lanço de passos…

Por mundos escondidos…
Por caminhos nunca antes percorridos…
Com seres que não falam…
Com almas que não pisam o chão…

Nesse mundo vou andando…
Nesse meu mundo caminhando…
Este meu ser vai vagueando…
Esta minha alma vai levitando…

Espreito por entre encostas despidas…
Salto muros invisíveis…
Atravesso arbustos sem folhas…

Do outro lado existe algo…
Algo que teimo em não descobrir…
Temo que depois acabe o caminho…
Temo que tudo seja apenas…
O que do lado de lá me espera.

Então continuo…
Sem querer olhar…
Lutando contra a curiosidade…
Para este caminho sem destino,
Eu continuar a percorrer.
Não quero parar…
Quero caminhar…
Mais que isso será o fim…
E do fim,
Ainda não quero saber…

Contigo consigo abrir minhas asas e voar …
Voo mas nunca te deixo
Sou livre mas contigo
Sou tua mas não te pertenço
Estás em mim
És tu quem me faz abrir as asas
É para ti que as abro
Te abraço
E em cada abraço
Te dou um pouco de mim
Coloco em ti um pouco do meu ser
Fica em mim um pouco de ti

Minhas asas estarão sempre abertas
Para te receber
Para me dar a ti
Para te sentir em mim

Por isso espero
De asas fechadas
Só as abro para ti
Para te sentir em mim

De asas abertas te recebo
É no teu ser que as fecho
Tua alma abraço
Te levo comigo
Te entranho no meu ser
No meu mundo
Te adormeço
Me encanto
Te olho
Saboreio um pouco de ti
E sou tua

Tanto tempo presa dentro de mim…
Presa ao nada que sou…
Ao nada que fui,
E ao nada que temo ser…
Presa num mundo que não o meu, dentro do meu…
A uma vida que não a minha,
Mas que invadiu a minha sem eu dar por ela.
Dela me liberto aos poucos,
Me prendendo ainda mais a algo que temo não chegar a ser.

São tempos que vivi…
Sem saber como vivi…
O porquê de viver…
Foram tempos de outrora…
Que não lembro ter vivido…

Círculo...

Pela mesma estrada de sempre volto a passar…
Por essa mesma estrada…
Tropeço, nos mesmos obstáculos.
Tudo parece igual, mas como se nunca lá tivesse passado.
Tudo igual, tudo diferente.
Passo e digo:
-Acho que já aqui passei mas não me lembro bem quando e porquê!!!

E neste impasse vou ficando, olhando as mesmas coisas, tropeçando nos mesmos obstáculos…